Miss Blonde

quinta-feira, 6 de maio de 2010


Ela sentava toda noite no bar da esquina da rua Flet, suas roupas eram sempre as mesmas assim como suas bijutarias. Seus olhos eram como um mar profundo, impenetrável e distante. Chegava no mesmo horário toda quinta-feira, bebericava seu whiskey e fumava um cigarro. Olhava a janela, esperando alguém, talvez? Era isso que eu sempre pensava. Nunca a vi com ninguém, era somente, ela. Ao anoitecer saia do bar e caminhava certa de 1 km até seu humilde apartamento, esperava que a visse debruçada nos braços de algum rapaz alto e moreno, mas tudo que visualizei foi uma recepção de gatos moribundos. Ela era solitária.

Semanas passaram. E era tudo na mesma, porém meu fascínio por ela crescia mais e mais, não era amor, mas curiosidade. Queria saber de sua história, queria conhecê-la.

Na manhã de 15 de Abril de 1970, decidi que falaria com a jovem mulher. Encontrava-me tão ansioso que acordei muito cedo, ainda faltavam horas para as cinco da tarde, decidi treinar. Falei para o nada o que vinha treinando há muito tempo em minha cabeça, eu iria conhecê-la, finalmente.

Olhei meu relógio de bolso, herança de família, faltavam cinco para as cinco, tinha que correr, se não, perderia a coragem. Fiz o caminho de sempre, mas justo nesse dia ele parecia não ter fim. Ao longe, vi a porta de entrada do bar, e o mais importante, a vi também. Os cabelos loiros reluzentes da minha jovem dama, senti uma onda de felicidade. Entrei e me dirigi até ela, toquei em seu ombro e disse oi, mas quando a senhorita se virou, percebi que não era ela.

Fiquei confuso, ela não havia faltado um dia sequer, vinha sempre. Resolvi perguntar ao senhor atrás do balcão de bebidas. Perguntei a ele se sabia onde estava um mulher loira, que vinha sempre aqui e fumava um cigarro, continuei a descrevê-la e isso deixou os olhos do senhor enormes, mas, ele logo se recompôs e seriamente me disse que a única pessoa que se encaixava em minha descrição não aparece aqui há mais de dois anos. Protestei, disse a tinha visto sempre aqui ele olhou-me horrorizado e disse que eu estava surtando. Irritado me retirei. Sai andando pela rua, confuso. Estaria eu imaginando coisas? Não seria possível. Em meio a conflitos internos, eu a vi novamente dobrando a esquina, corri como nunca havia corrido antes, mas ao chegar não havia ninguém. Talvez, fosse minha imaginação.



creditos: confiçoesameianoite.

0 comentários:

 
Pensamentos & Brisas. - by Templates para novo blogger